Quais as tendências tech para 2025? Nuno Rosado, CEO da TechOf, partilha a sua visão

A evolução tecnológica tem transformado o panorama empresarial e a forma como as pessoas interagem com o mundo digital. Em 2025, espera-se que esta revolução continue a acelerar, trazendo consigo novas oportunidades e desafios para os setores público e privado. Para explorar estas perspetivas, conversámos com Nuno Rosado, cofundador e CEO da TechOf, uma referência em formação tecnológica, que partilhou a sua visão sobre as principais tendências tecnológicas que vão, na sua visão, moldar o futuro.

Quais são principais tendências tecnológicas que vão moldar 2025?

Acredito que existam vários pontos fundamentais que vão moldar o futuro. O primeiro é a transição de data-driven para AI-driven. As empresas vão passar a confiar em sistemas de inteligência artificial (IA) para processar e interpretar dados, tornando as decisões mais automáticas e menos dependentes da intervenção humana.

O próprio governo português vai fazer o seu mega LLM (Large Language Model), batizado de Amália, que, depois de lançado, vai permitir às empresas portuguesas ir buscar o modelo e criar os seus próprios padrões. Quando nós temos um governo que começa a abraçar este tipo de iniciativas, então sabemos que, na prática, qualquer tipo de empresa vai começar a abraçar.

Também veremos um avanço significativo em Cloud Computing. As organizações não vão apenas migrar para a nuvem – eu diria que esta foi a primeira geração de Cloud Computing -, mas vão otimizar os sistemas para tirar o máximo partido da cloud, criando oportunidades para profissionais especializados em DevOps, que têm conhecimentos de programação e administração de sistemas.

Adicionalmente, tecnologias como Blockchain e Web3 vão continuar a evoluir rapidamente, sobretudo em mercados como o das criptomoedas. Em Portugal, vemos empresas a investir fortemente em skills baseadas em programação de JavaScript e nas frameworks como o React e outras tecnologias relacionadas para suportar soluções descentralizadas. Embora ainda sejam áreas de nicho, o potencial de crescimento é enorme.

A cibersegurança mantém-se como uma área de destaque, sendo apontada pelo Capgemini Research Institute como uma das principais tendências tecnológicas para 2025. Como avalia esta perspetiva?

A cibersegurança é um tema crítico e vai exigir muito investimento, principalmente em upskilling dentro das próprias empresas. Embora o reskilling nesta área seja desafiador, é essencial criar pacotes de formação que capacitem as equipas para responder a ameaças crescentes. Há uma necessidade urgente de formar especialistas capazes de prevenir ataques e proteger dados sensíveis.

IT Analytics e Business Intelligence continuam relevantes para 2025?

Absolutamente. As ferramentas como Excel, Power BI e Python têm vindo a consolidar a sua relevância, especialmente em contextos empresariais. Elas são fundamentais para permitir que as empresas extraiam insights valiosos dos seus dados e tomem decisões mais informadas. Com a transição para sistemas AI-driven, estas ferramentas tornam-se ainda mais críticas para integrar análises preditivas e facilitar a visualização de dados de forma eficaz.

Que impacto vê para as ferramentas de low-code e no-code para o próximo ano?

Estas ferramentas vão democratizar o acesso à tecnologia. Plataformas low-code e no-code, como o OutSystems, estão a crescer porque permitem que profissionais sem uma formação avançada em programação possam criar soluções eficientes. Apesar da simplicidade, o domínio de linguagens como Python e JavaScript continua essencial para maximizar o potencial dessas plataformas.

A sustentabilidade integra as tendências tecnológicas de alguma forma?

GreenTech é uma área que vai ganhar relevância. As empresas estão cada vez mais focadas em práticas sustentáveis, especialmente no uso otimizado de recursos na cloud. Esta tendência exige um compromisso com a eficiência energética e a responsabilidade ambiental, o que também implica novos desafios para programadores e engenheiros de sistemas.

A área da saúde também está a ser impactada pela tecnologia. Que avanços destaca?

A Health Technology e telemedicina estão a transformar os cuidados de saúde. Nos Estados Unidos, por exemplo, há sistemas de IA que analisam exames como TACs para prever doenças com até dez anos de antecedência. Em Portugal, a aplicação desta tecnologia pode significar um salto qualitativo nos serviços de saúde, especialmente com o uso de blockchain para garantir a segurança dos dados dos pacientes.

E quanto ao impacto da Realidade Aumentada (AR) e Realidade Virtual (VR)?

A AR e a VR têm aplicações fantásticas, desde o turismo até ao retalho. Em 2015, quando estive em Nova Iorque, estive numa loja de roupa que apenas tinha ecrãs e toda a experiência de compra acontecia através desta tecnologia. Estas tecnologias, aliadas a sistemas de AI e análise de dados, oferecem experiências cada vez mais imersivas e personalizadas. Isto pode ser aplicado em Portugal.

Que papel desempenha a formação personalizada no futuro da tecnologia?

A relevância é a chave. As pessoas vão procurar formações mais curtas, customizadas e adaptáveis às suas necessidades. Na TechOf estamos a investir em formações que aliam conteúdos técnicos a soft skills, promovendo um modelo de aprendizagem ao longo da vida (“lifelong learning”). Isto não é apenas uma tendência, mas uma necessidade para manter a competitividade no mercado.

As empresas precisam de estar preparadas para as transformações que vêm aí, mas também para formar os seus colaboradores. Na TechOf, o nosso objetivo é ser um catalisador para estas tendências, conectando talento e tecnologia de forma relevante e eficaz.